2 de abr. de 2009


A vida sempre surpreende. Ou talvez se deva dizer que a morte surpreende a vida? Afinal, ela sempre aparece em momento inoportuno.
Por isso mesmo, nunca devemos deixar para amanhã as declarações de afeto. Por vezes, tivemos um professor que nos influenciou muito e realmente deu sentido, propósito e direção à nossa vida. Entretanto, nunca reservamos um tempo para lhe agradecer.
De repente, ele morre e ficamos a pensar: "meu Deus, ao menos eu deveria lhe ter escrito uma carta.". De outras, brigamos com alguém e punimos a pessoa com nosso silêncio. Passam-se os dias, os meses, os anos. E continuamos com a punição. Aí a pessoa morre. O que acontece? Quase sempre o remorso nos alcança e começamos a cogitar: "eu devia ter falado com ela.". Para compensar a nossa culpa, vamos à floricultura e compramos muitas flores, para enfeitar o caixão, o túmulo. Teria sido muito mais compensador ter comprado algumas flores antes, e ter tentado fazer as pazes. Reatar a afeição. É até possível que a pessoa rejeitasse as flores, as jogasse no chão. E nos desse as costas. Mas, então, o problema não seria mais nosso, mas exclusivamente dela. Um dos exemplos mais comoventes a respeito do arrependimento, nos vem de uma carta escrita por uma jovem americana ao namorado. É mais ou menos assim: "lembra-se do dia em que eu pedi emprestado seu carro novo e o amassei? Achei que você ia me matar, mas você não me matou. Lembra-se de quando eu o arrastei para ir à praia, e você disse que ia chover, e choveu? Pensei que você fosse dizer: ‘eu não a avisei?’, mas você não falou. E quando deixei cair torta de amora nas suas calças novas? Pensei que você nunca mais fosse olhar para mim, mas isso não aconteceu. E quando me esqueci de lhe dizer que o baile era a rigor, e você apareceu de jeans? Achei que você fosse me bater, mas você não me bateu. Havia tantas coisas que eu queria fazer para você quando você voltasse, mas você não voltou..." ...Não permitamos que a morte arrebate a chance de dizermos o quanto amamos as pessoas. O quanto elas são importantes para nós. Pode ser uma avó, um irmão, um amigo. Não necessariamente somente pessoas do círculo familiar. Aprendamos a esboçar gestos de amor e a dizer palavras que alimentam a alma do outro. Mesmo que um dia alguém nos tenha dito que não é bom o outro saber que o amamos, porque se aproveitará de nós. Mesmo que outro alguém tenha insinuado que parecemos tolos quando ficamos afirmando a intensidade do nosso amor, da nossa amizade e da nossa ternura. O ser mais perfeito que andou pela Terra, não temeu demonstrar amor e dizer: "amai-vos como eu vos amei.".

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